José Pedro Pinto - Diretor Geral da Arval Portugal

Arval Portugal – desafios, incertezas e novos negócios

NOTÍCIAS ARVAL 10 Apr 2023

Arval Portugal – desafios, incertezas e novos negócios

Com o ano 2023 pela frente, a Arval tem muito bem delineados os objetivos a que se propõe: continuar a crescer nos 3 segmentos de intervenção: empresarial, particular e no seu canal indireto (as parcerias), aproveitando cada

A Revista Automotive esteve à conversa com José Pedro Pinto, General Manager da Arval Portugal, acerca do balanço do último ano e do propósito para este ano civil, onde colocam a descoberto o passado, presente e futuro.

“Diria que o ano de 2022 foi, acima de tudo, muito positivo sob várias dimensões. Como tem vindo a acontecer, desde há 3 anos, mantivemos um crescimento muito forte, superior a 8%, em termos de frota e encomendas, não deixando de sublinhar que, quer o crescimento das receitas operacionais, quer o controlo de custos e dos riscos foram muito eficazes.

Do ponto de vista financeiro, apesar das dificuldades ao nível da escassez de viaturas que o mercado enfrenta, fomos, ainda assim, beneficiados pelo contexto favorável do mercado de usados que acabou por nos ajudar. Globalmente, estamos satisfeitos com o resultado financeiro que atingimos, e agradecidos aos nossos clientes pela confiança depositada neste último ano, que nos permitiu atingir um crescimento na ordem dos 10%, ao ano.

A par destes bons resultados, estamos também conscientes dos desafios. As mudanças estão a acontecer de forma rápida e nós, na Arval, trabalhamos para não perder oportunidades e manter a responsabilidades que temos em Portugal e na Europa.

Incertezas na entrega e na reparação

Em retrospetiva, o ano transato, foi marcado pela ótima qualidade de serviço prestado pela Arval e reconhecido pelo feedback dos clientes que o confirmaram. No entanto, não posso deixar de referir as muitas incertezas a que fomos (e ainda somos) sujeitos, quanto ao processo de entrega das viaturas, e os incrementos fortes das taxas de juros que nos obrigaram a ajustamentos.

As cadeias de abastecimento acabaram por nos afetar, não só na entrega das viaturas, como no próprio serviço de pós-venda com tempos de reparação mais longos e mais incertos. Nada disto nos deixou incólumes e tivemos de aprender a gerir melhor as expetativas dos clientes através de uma fonte de informação mais eficiente.

Conjugada a esta realidade, o crescimento da frota e o retorno dos condutores às estradas, realizando mais quilometragens, deparamo-nos com um novo desafio do ponto de vista operacional que foi necessário adaptar para continuarmos à altura da oferta de qualidade dos serviços que habituamos os nossos clientes. Mudamos e melhoramos os nossos próprios processos, apostando na sua automatização e simplificação, dando primazia à transparência com os clientes e à aprendizagem contínua para evitar a falha.

Mas também descobrimos parceiros importantes que nos ajudaram a consolidar a rede, sendo mesmo uma prioridade, na nossa organização, construir relações de longo prazo suportadas no win-win para ambas as partes. Saliento o contributo da nossa incansável equipa da Arval para que isto acontecesse e que nunca deixou de ter exigência e empenho. Só assim foi possível atingir os atuais resultados.

Distribuidores de mobilidade

Como é de conhecimento, a gestão de frotas é o core da Arval (B2B), sendo, inclusive, a unidade de negócio mais forte, em termos de volume, e mais importante para o resultado da empresa, mas somos também distribuidores de mobilidade.

Neste sentido, tínhamos de manter uma organização que dá prioridade às equipas polivalentes, as chamadas account teams, por onde distribuímos as carteiras de clientes que cobrem a cadeia de valor: prospeção, encomenda e pós-venda, com uma autonomia capaz de dar resposta ao cliente de forma coordenada, em tempo útil e sem que a informação se desvaneça porque a cadeia se quebrou.

Se esta questão de manter a cultura de suporte ao cliente sempre foi vital para nós, neste novo contexto, em que novas metodologias de trabalho se transformaram, sobretudo, com o aparecimento do remoto, tornou-se uma metodologia. Temos investido nas ferramentas digitais, como é o caso do portal para os clientes – o My Arval – com informações real time sobre a frota e faturação, por exemplo; bem como como na APP – My Arval Mobile – orientada para condutores e com um conjunto de solicitações como o agendamento, entre outros.

Estamos também atentos à transição energética cujos objetivos estão claramente definidos, quer para a empresa, como para a frota e carteira de clientes, visando uma oferta integrada.

Telemática

Promovemos os serviços telemáticos, através de um dispositivo colocado nas viaturas que os clientes podem subscrever na plataforma, com todo um conjunto automatizado para melhorarem as suas rotas, com score de comportamento de condução do ponto de vista de segurança e ambiental (a forma como conduzem a viatura pode ser mais ou menos amigável do ambiente), bem como um conjunto de informação que os ajudam a explorar novas formas de analisar os dados: eficiência, segurança e transição energética. É um elemento que não é novo, mas que será cada vez mais importante no futuro para reduzir o TCO, num contexto de forte inflação.

Atualmente, para fazer face à instabilidade, à incerteza do mercado e à impossibilidade de prever com exatidão a entrega das viaturas, decidimos partilhar – de forma pedagógica e frequente – a informação com os clientes sobre a evolução da entrega do seu carro, essencial para satisfazer as suas necessidades e confiança.

A Arval mantém-se prudente perante o cenário atual das entregas de veículos que poderá melhorar a partir do segundo trimestre, mas do ponto de vista macroeconómico é provável que as taxas de juro continuem a subir. Não nos podemos esquecer que elas são uma componente importante que se reflete no preço do renting e, às quais, não conseguimos ficar imunes.

Renting para usados

Para completar a nossa oferta de serviços, este ano decidimos implementar o renting para usados, uma necessidade que nasceu precisamente pelo próprio posicionamento da Arval como entidade que se propõe a ter serviços de mobilidade completos para diversos segmentos.

É fundamental um produto diferente que tenha como benefício subjacente ao renting um carro usado (atingindo segmentos mais jovens e com menos poder financeiro), mas não só, a nossa estratégia de alargamento de oferta para a mobilidade traz mais um novo lançamento: as e-Bikes, dirigidas a um segmento empresarial muito urbano que atinge colaboradores sem viatura de função.

Continuaremos a apostar na plataforma telemática e a criar a possibilidade de, junto de parceiros, apresentar soluções financeiras de renting integrada, fidelizando os consumidores finais. O nosso papel não deixa de ser gerir riscos e, havendo uma grande evolução tecnológica, valorizarmos um pouco mais o renting, pois é a área onde o risco está do nosso lado e não do lado do cliente.

De salientar, e em termos de conclusão, que estamos muito atentos e optimistas à forma como as baterias (dos carros elétricos) em final de vida, poderão ser reutilizadas. Com a otimização das baterias de viaturas em fim de vida podemos estar perante um factor importante para os valores residuais e, neste sentido, o grupo Arval assumiu um forte compromisso na questão da aceleração da transição energética, tendo mesmo como objetivo atingir, na sua frota, os 700 mil carros eletrificados a nível mundial, nos próximos tempos”, finalizou José Pedro Pinto.

 

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